O galo canta. O canário canta, mais oito canários nas gaiolas perto dele cantam também. O rádio canta. O homem canta. A dona de casa do lado canta mal. O bebê chora. Alguém assovia. O cachorro late. O ônibus passa. A campainha toca. O telefone toca. Outro cachorro late. Alguém continua assoviando, outros gritam na rua. Começa a Voz horrível do Brasil. Alguém desliga o rádio ao mesmo tempo que liga a televisão. O cachorro continua latindo, o canário cantando e alguém assoviando. Um avião passa; Uma tampa de panela cai, e cai de novo. Algum martelo bate, não sei a direção. O bem-ti-vi cantou. A praga do cachorro não para. O assovio começa a irritar. Contudo, consigo ouvir cair uma gota da goteira do meu quarto (não chove agora, mas a goteira continua). O galo parou, foi dormir. Agora uma criança grita na rua e as pessoas da casa da frente conversam sobre pagar alguma coisa, nada sobre se mudar. Outro cachorro rosna brincando com algo, alguém grita com ele pra parar. A chuva começa de novo e a goteira aumenta. O cachorro parou. Os canários foram dormir. O cachorro não dorme, descansa um pouco. Dez minutos depois, meu quarto estaria em silêncio se não fosse a goteira e o assovio.
Marylin Luiza
