terça-feira, 29 de abril de 2008

De Bamba na fila da Caixa


De perna cruzada senti formiguinhas andando pelas pernas, dentro das veias. Danadinhas nadando e pululando dentro do meu sangue. Olho pro meu Bamba. Comprei num lugar chamado BRICBRAC, aqui em Sabará. Modelo antigo. Acho que num fabrica mais, um achado.

Ouço o murmurinho. Caixa chamando: - Gladson Henrique!?
Tossem, chiam, alguns até miam.

Tênis dos anos 70. Ele é legal, lembra o All Star. Tão confortável quanto. Na época tinha tamém o kichut, preto com travas, que davam tombo quando novas. Esse agente usava pra jogar bola, bater pique. O outro pra ir pra escola, tamém dava pra jogar bola, vôlei, até basquete. O meu é preto, tinha branco, todo branco. De lona preta e borracha vulcanizada. Acho que isso não tem nada haver com vulcão, mas tem haver com calor pra prensar a borracha. Borracha de seringueira, não de petróleo.

Ainda na fila...

- Quantas pessoas têm nesse banco? - Tsi! - Começou que dia? - Oi, psiu, pode ir lá? - Vai ter dia que você vai ter vontade de arrancar o olho. - Pode deixar! - Melhoras, viu! Cada coisa que agente ouve se ficar prestando atenção.
- Célia Barros!?

Num é que o velho Bamba já era um produto sustentável. Feito de lona e borracha. Ilhós de alumínio. Tudo reciclável. Modelo dos anos 70 ensinava já agente a produzir artigos sustentáveis. E agente nem ligava pra esse papo.

- Há é! - Hei ta boa? - Marcando quatro e pouco. - Pensei que era três. - Fabrício da Silva!? No meu celular são 15h50min. - Faltam dez pras quatro.
- Acabou o horário de almoço! - É, mas agente tem que ter paciência! - Perde tempo, mas recupera.
– Leonardo Garcia!?

Agente queria é ter um All Star, um kichut. Agente só não queria ter uma Conga. Muito mole e chinfrim. Feito uma sapatilha. A mulherada até gostava. Hoje elas voltaram a usar a Conga, várias cores.

O tempo vai passando minha vez não chega...

Todos têm cara de impaciência. Fazer o que é uma fila de banco. Caixa Econômica Federal. O quê que esse nome quer dizer na verdade? Cofre do Lula? Pelo menos estamos sentados. Chamam:
- Raimundo Caetano.

Até o velho Bamba reciclou seu design. Parece mais hoje com o seu rival All Star. Bamba. Esse nome é um achado. Num sei de onde veio não. Vou pesquisar e escrevo aqui. Acho que tem haver com uma gíria da época. Bamba, mora?

- Ta ocupado? - Ta pra receber ou pra aceitar? - Hoje é vinte e sete.
- Paulo Henrique!? Minha vez não chega.

4 comentários:

Polly Etienne disse...

cê é doido minino...

Anônimo disse...
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kennedy rafael disse...

huhuhuhummmmmmmmm... né não pollyss

Anakely disse...

Queridão,
AMEI! Obrigada por nos deixar conhecer os seus "pensamentos"...
Vejo que vc não só recupera preciosidades antigas, lembranças do passado, valoriza "achados" como o Bamba!! Me inclua na sua lista!!!!rsrsrsrs!!!