quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

mARginAL aLADo

sai voado
por deus abençoado
mais rápido do que o aço dos ratos
eu vejo um doido no espaço
é um abraço
é tipo marginal alado
A Blazer - RZO

Cativante diriam embreagados da palavra escrita

Num certo dia Hernest Hemingway foi provocado a escrever uma história com seis palavras. Dizem ter sido uma aposta, outros outros acham que foi um desafio literário que queria fazer a outros autores. Hemingway depois que escreveu esta história com seis palavras chamou-lhe o seu melhor trabalho de sempre.

"Vende-se: sapatos de bebé, nunca usados."

Como fiz outro dia outra rodada de provocações no mesmo bar. Falei a outra amiga:
- Topa escrever uma história com 6 palavras?
- Legal, gostei. Arruma um papel ai?
- Caneta eu tenho aqui.
E assim foi:

¨¨¨
Escreva uma história com 6 palavras.
Cativante, não há mais nenhuma palavra.
Apenas uma, que vocês são legais.
Meus dedos presos na lingua estão.
Úmidos, molhados, encharcados, e talvez entrevados.
E tão cativantes quanto extremamente sensuais.
Ah e se meus olhos falassem...
Diriam algumas coisas extremamente sem nexo.
Embreagados olhos d'água choram à vista.
Para que não chorem à prazo.
Como minhas pernas que se param.
O coração esta estampado nos olhos.
Em uma vida em parênteses ou...
Uma vida bagunçada como a minha.
Eu furo seu copo, furo mesmo!
Eu penso mil vezes antes, sempre.
A água é limpa, faz borbulha.
Cidra não é água e faz.
Vou beber até parar a chuva.
Vou ter noite de insônia agora.
Dormir é o prelúdio da morte.
Meu beijo é seu pra baixo.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Bromélia do Sol

Vou escrever sobre um amigo que encontrei por acaso, quando trabalhava numa campanha política.

Mário Pádia era seu nome.

Foi nesse lugar onde tudo começou e tudo acabou. Ele se mostrou tranqüilo, calmo e boa gente. Ficamos próximos rapidamente, como geralmente acontece comigo quando gosto de uma pessoa. Bons amigos.
Um encontro especial.
Encontros especiais que marcam toda sua vida, mas que naquele momento é só um encontro.

Contou-me de sua vida que era ex-presidiário. Contou-me das leis dos presídios. Do acerto da segunda, quando quem deve morre. Contou-me de seus filhos. Conheci todos três. A campanha política acabou e nos afastamos.

Voltamos a nos encontrar no mesmo local, um ano depois. Agora montávamos uma ONG e ele retornou. Havia sido preso novamente. Naquele primeiro encontro era um fugitivo. Agora estava cumprindo condicional.
Queria sair do crime, mas me dizia que era difícil. Faltava grana, oportunidades. Conseguia algum na ONG, bem pouco. Arrumou serviço numa obra de reforma pra instalação de um curso de informática. De quebra iria aprender a lidar com os micros. Começava nova vida.

Afastei-me da ONG por outros motivos. Mantinha-me informado dele através de uma amiga em comum, pelo MSN.

Um dia um e-mail, uma mensagem. Marinho morreu. Marinho, o Mário Pádia foi seqüestrado e morto ontem. Fim.
Foi encontrado com 18 tiros de escopeta, 9 mm, 38. Jogado numa estrada. Executado.
Minha amiga me disse que ele tinha medo. Ele havia me relatado isso também em outra ocasião.

Tinha sonhos.
Queria cultivar bromélias.

Disse-me que havia bromélias da sombra e do sol. Tinha uma no meu quintal.
Olhou pra ela e disse:
- Essa é uma bromélia das sombras.
– Num gosta de sol forte, não.
Esse foi meu encontro com o Mário Pádia.
Um encontro simples.

¨
Nossa amiga em comum me disse pelo MSN:
“é.......é simples sim, simples e natural...
quando conseguimos fluir com o rio da vida, sem procurarmos complicar as coisas...tudo vem de encontro a nós....
Sim. Encontro.
Todos eles são mágicos. Todos eles são sagrados. Todos eles têm algo reservado pra nós.
principalmente aqueles onde os olhos também se encontram e as almas conseguem estabelecer comunicação
nenhum encontro é por acaso, em algum momento do encontro, aprendemos e ensinamos algo! ”

Vá com Deus, mas seus sonhos deixe comigo. Grande abraço, meu bom amigo Mário Pádia.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

6 palavras

Ontem num bar que vou sempre chamado Crepe Arte propus um jogo. Que todos escrevessem uma história com apenas seis palavras e foi assim, escrevi num guardanapo:

Conta pra mim uma história com seis palavras

- Meu dia foi difícil, eu perdi.

- Meu dia foi muito mais difícil.

- E o meu dia foi fácil.

- Fácil é nada mais que útil.

- Útil, não foi mais que fácil.

- Todos os dias foram bons, amém!

- Que todos os dias sejam eternos!

- E que todos encontros sejam dias.

- E que todos os dias sejam felizes.

- Felizes são os dias compartilhados juntos.

- Que os dias sejam sempre deliciosos.

- E as flores sejam sempre vermelhas.

- Sem perder a delícia da melancolia.
.
¨¨¨
Se quiserem continuem ... agora vou passar o som pra um show que vamos fazer logo mais. Até amanhã, quando contarei o que rolou nesse showzinho. Vou tocar alfaia - percussão. Abraço meu em sua alma perdida. 6 palavras.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Festa de Reis - Vejo uma arma na mão


Agarrando-se a festa
Vejo uma arma na mão
Memória que resta
Ofuscada pela ilusão

Vejo sangue perdido
Fujo para a festa

Para me proteger no abrigo
Não quero viver com pressa

A natureza esta morta
Vai perder
Quero ir pra festa
E tudo esquecer

O homem com ambição
Na festa, promessa.
Profunda certeza
E o silêncio cessa

Uma criança caída
Sem vida, perdida, no chão.
Que ao esquecer a tristeza
Espera a libertação

Se a vista me falta
Mesmo na festa
Afastai do perigo
Mesmo que não peça.

sábado, 5 de janeiro de 2008

Festa de Reis

Agarrando-se a festa
Vejo uma arma na mão
Memória que resta
Ofuscada pela ilusão



quarta-feira, 2 de janeiro de 2008