Conheci pessoas incríveis, talentosas, sensíveis e bacanas como Bruno, Lili, Ana, Lucão, Jéferson, Natália, o casal Nara (Japinha) e Thiago (Frango). Gente muito boa. A oficina tinha caráter essencialmente experimental e foi assim o tempo todo. Experimentamos-nos, nos ouvimos, nos provamos, nos mordemos, nos cheiramos, nos lambemos, nos olhamos, nos tocamos profundamente em cinco dias seguidos e intensos.
A oficina teve um caráter multifacetado. Apartir do tema ESGOTO sugerido, manipulamos imagens, textos, áudios, vídeos e desenvolvemos performances e instalações. Tudo isso resultou, ao final da oficina, numa mostra conjunta onde tudo se apresentou de forma simultânea e sucessiva, um experimento multimidiático que não tinha a pretensão de trazer a novidade ou o inusitado.
O principal objetivo era o conceito da desespecialização, ou seja, procurar uma visão global das especialidades, juntá-las, misturá-las, corrompê-las, desconstruí-las. Assim como já fizeram Man Ray, Marcel Duchamp e seus seguidores entre os anos de 1915 e 20 com o Dadaísmo.
No pós-guerra da década de 1950 o termo desespecilazação era introduzido na produção industrial por Taiichi Ohno, engenheiro da divisão têxtil da Toyota com o nome de toyotismo, ou como prefere Benjamin Coriat, ohnismo em referência a Taiichi. Os princípios do método japonês baseiam-se na horizontalização da produção, na desespecialização e na polivalência da mão-de-obra operária. Um dos elementos seriam as células de produção visando a multifuncionalidade pela troca de experiências na execução do trabalho. Na década de 1980 esse método se populariza no mundo devido ao grande sucesso da indústria japonesa.
Na arte o conceito da desespecilização é amplamente exercitado hoje em dia com a criação dos coletivos de produção artística. Onde artistas plásticos, atores, músicos, designers, engenheiros, escritores, publicitários, filósofos, historiadores, antropólogos, psicólogos e tantos outros ólogos, eiros, ers, icos se juntam pra produzir trabalhos significantes em parceria.
Nesta oficina exercitamos isso e foi instigante, intrigante, alentador, prazeroso, ensurdecedor, apavorante, maluco, estimulante, reflexivo, compulsivo, eletrizante, complexo, conexo, místico, devorador, indisciplinado, corrosivo, esgotante, passional, feliz, verdadeiro, ilusório, transformador, convulsivo, inesperado, pontual, desigual, infantil, sujo, escrito, móvel, perdido, discutível, quente, frio, fedorento, assombrado, destrutivo, exclusivo, construtivo, oscuro, iluminado, emocionante.
Duas frases:
“Todas as idéias estão sujeitas ao envelhecimento. Esta é a lei do progresso.”
Domenico De Mais (Propõe a teoria do ócio criativo)
"O que conta não é a arquitetura, mas os amigos, a vida e este mundo injusto que devemos modificar".
Oscar Niemeyer
Referências:
INTERCOM – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XXIV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Campo Grande – MS
COMUNICAÇÃO E O MUNDO DO TRABALHO E SUBJETIVIDADE
Profa. Dra. Roseli Aparecida Fígaro Paulino.
Professora da Escola de Comunicações e Artes da USP. Editora da Revista Comunicação &
Educação (ECA-USP).
Trecho de entrevista colhida no site de Mário Persona dada a Luiz Carlos Pires, jornalista e antropólogo, que coordenou a equipe formada por Sonia Grisolia, Manoel Fernandes Neto e Mario Persona. A tradução é de Cristina Fioretti.
http://www.mariopersona.com.br/domenico.html