O tempo passa e como sempre a caixa chama:
- Vicente Paulo
São quase vinte esperando, de senha branca na mão, girar sua vez. E eu espichando o pescoço pra loira do mezanino. Platonicamente esperando minha vez.
Falando em viagens fui a Diamantina pela primeira vez na vida, neste último feriado, viva a Paixão de Cristo. Num sei como não fui antes pra lá. Coisas que passam batido em nossas vidas durante anos seguidos. Engraçado como o tempo passa e não vivemos tudo que precisamos, ou que desejamos. Sorte ou destino ou oportunidades. Lugar bacana e mágico. Dizem que por lá aparecem ET’s. Disse pro meu primo-irmão Rogério Peter-eco, que me levou pra lá. – Se existe ET eu quero ver, se possível ser abduzido. Claro desde que me garantam a passagem de volta. Nem que não me lembre de nada haverá uma experiência gravada em meus genes ou na memória virtual. Satisfaria-me em vê-los de longe. Há claro, o mundo seria diferente depois disso, bem diferente, claro! Seria claro! Sim claro! Tudo esclarecido. Eu vi cara, eu vi! É podes crer! Mas num foi dessa vez.
Fiz muita coisa por lá além de comer o dia inteiro. Biscoito, carne, biscoito, leite, café, carne, biscoito, laranja serra d’água, arroz, feijão, macarrão. Assisti mais uma vez A Paixão de Cristo de Mel Gibson. Dessa vez não chorei, tinha muita gente na sala. Andei a cavalo. O danado não tinha nome. Já viu isso. Meu tio Carvalho não colocou nome no animal. Cavalo sem nome.
Cheguamos à quinta em Diamantina. Fomos pra balada eu e Rogério Peter-eco. Começamos a tomar as primeiras ai nessa praça da foto acima. Falamo pa calai e não fiquemo com ninguém!
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Fomo sexta-feira pra fazenda. Arriaram o cavalo sem nome no sábado pra eu andar. Peter-eco foi de bike. Fomo indo até as primeiras mãozadas do animal no solo cristalizado das diamantinas, tudo certo. Um cavalo mestiço, pardo-claro ou moreno ou meio louro-médio. A mulherada é que entende esse negócio de pêlo=cabelo.
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Depois de empacar três vezes, a primeira o Peter-eco teve que intervir com um galho de arvore, batizei o animal: Marrento. Meio marrom, meio invocado. Marrento - baixinho e invocado. Como o homem-mil gols. Eu e Marrento do meio pra frente e no final da tropeada nos entendemos. Não antes de ele me deixar pra trás num mata-burro. Apeei pra abrir a porteira-cerca do lado do mata-burro, que no caso iria matar um cavalo teimoso. Larguei a rédia e o bicho seguiu estrada, celado sem cavaleiro, no caso eu. Corri uns 10 minutos atrás do animal, até o bicho da uma chance e parar pra eu remonta-lo. Quase pago o mico ruminante e chego à sede da fazenda a pé e o Marrento na frente me zoando. Me deu uma chance e montei. Logo em seguida outro mata-burro. Dessa vez me precavi e não soltei a rédia, hahaaaa! Montei de novo e fiz uma chegada triunfante, num galope quase totalmente controlado.
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Resultado da tropeada com destino ao Rio Preto: bunda literalmente esfolada na parte superior do rego superior do cúânus. No outro dia parecia que tinha levado uma surra de corpo inteiro, como Jesus no açoite do filme de Mel Gibson.
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Doía das panturrilhas ao pescoço. Dor interna, nos músculos, como se tivessem me passado no engenho de cana-de-açúcar.
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Também bebemos muita garapa das canas do pomar da fazenda.
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Caraca! O Marrento me esfolou, me torceu e moeu. Esse foi meu encontro extraterrestre. Pois estava fora da terra, montado.
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Outras coisas aconteceram lá na princesinha do Alto Jequitinhonha. Mais, muito mais...
Êeee Diamantina da febre dos diamantes.
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Lugar único e acolhedor de pessoas de corações brilhantes.
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Conto depois das experiências com as pessoas de lá.
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Gente, moço, demais da conta.
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Depois da ultma noite
De festa
Chorando e esperando
Amanhecer, amanhecer...
Depois da ultima noite
De chuva, chorando e esperando
Amanhecer, amanhecer...
Nenhum de nós.