segunda-feira, 18 de junho de 2007

LENTO MA NO TROPO

Ontem foi dia de cortejo pelas calçadas. Os grupos Trampolin, Programa Valores de Minas, Grupo Folclórico Zé Pereira de Mariana e Pernas de Pau usaram as centenárias calçadas de Pedra Sabão das ruas de Ouro Preto como palco para um cortejo que fez a festa da moçada. Dançando eufóricos com as batidas de Maracatu, samba e axé, os participantes não largaram do lugar enquanto havia batuque.

Mas o melhor do dia, ou melhor, da noite veio sob o nome de Santiago.

Magnífico documentário de João Moreira Sales com fotografia primorosa de Walter Carvalho. Reconheço ter dado alguns cochilos no início da projeção. Contudo, lentamente o filme vai te pegando. A medida que ouvimos aquele argentino de sotaque forte e elegância refinada falando a respeito de sua admiração incontida pelos grandes mestres da pintura, música erudita, dança e sua obcessão pelas grandes dinastias do mundo antigo, agente se rende. Com o desenrolar da película, filmada em preto e branco, nossa apatia vai se transformando em curiosidade e mais outro tempo se passa e nos sentimos filhos ou parentes muito próximos desse ancião tão curioso e sensível.

A leveza dos seus gestos com as mãos. O rigor da sua fala firme e ponderada. A expressão oblíqua de seus olhos. E principalmente a sua abnegação a pura arte em todo o seu fervor. Me rendi lentamente, mas nem tanto. Filme que ao final deixa aquele frio no estômago junto com uma angustia quase incontida que só não me levou a emoção lacrimada por que a vergonha a conteve. Emoção que vi em alguns olhares de espectadores saindo e ouvi de alguns amigos nos comentários pós projeção. Se existe um filme imprescindível para o ávido admirador do cinemão, sem dúvida Santiago e um deles. Emocionante e divinamente poético.

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